O Bitcoin registrou queda de aproximadamente 2% nas últimas 24 horas, negociando próximo a US$ 87 mil, estendendo uma sequência de perdas que já dura quatro dias. A criptomoeda enfrenta pressão de saídas significativas de fundos de investimento (ETFs), que totalizaram US$ 357,6 milhões recentemente, lideradas por gestoras como a Grayscale.
Analistas apontam que o suporte crítico está em torno de US$ 84 mil a US$ 85 mil. Se esse nível for rompido, existe risco de correção mais profunda em direção a aproximadamente US$ 74 mil, alinhado a extensões de Fibonacci e níveis observados anteriormente no ano.
A volatilidade do Bitcoin está diretamente correlacionada aos dados do mercado de trabalho dos EUA. A criação de 64 mil vagas em novembro, acima das expectativas de 50 mil, reduziu as apostas em cortes de juros pelo Federal Reserve em janeiro, fortalecendo o dólar global e incentivando a fuga de capitais de mercados emergentes.
Dezembro de 2025 marca um período de incertezas elevadas na economia global. O “tarifaço” implementado pelo governo Trump redesenhou cadeias de suprimentos e pressionou o comércio internacional, ampliando a apreensão em setores produtivos e forçando o redirecionamento de exportações brasileiras para China e Ásia.
No Brasil, a situação é particularmente desafiadora. O Ibovespa despencou 2,42% em sessão recente, caindo abaixo de 160 mil pontos, pressionado pela indefinição sobre juros, pela ata do Copom (sem sinal de corte na Selic) e pelos dados de emprego dos EUA. A taxa Selic permanece em 15%, o maior patamar desde 2006, encarecendo o crédito e reduzindo o consumo.
O dólar comercial fechou a R$ 5,462, com alta de 0,73% no dia e 2,38% em dezembro, embora acumule queda de 11,62% no ano. Remessas de lucros estrangeiros e o dólar forte no mercado global contribuem para essa volatilidade.
Enquanto os mercados financeiros enfrentam turbulências, uma disputa geopolítica silenciosa ganha força nos bastidores: a corrida por minerais críticos e terras raras. Os Estados Unidos avançam estrategicamente sobre o Brasil, que possui a segunda maior reserva global desses recursos.
A administração Trump está financiando mineradoras brasileiras via banco estatal DFC (Development Finance Corporation), com investimentos de R$ 2,5 bilhões para Serra Verde e R$ 27,5 milhões para Aclara. O objetivo é claro: contrabalançar a dominância chinesa, que controla 60% da extração e 90% do processamento global de terras raras.
A demanda por esses minerais deve crescer 1.500% até 2050, intensificando a corrida entre potências. Esses recursos são essenciais para a produção de semicondutores, baterias de veículos elétricos, painéis solares e tecnologias de defesa — setores críticos para a soberania tecnológica e militar das nações.
A nova Estratégia de Segurança Nacional dos EUA enfatiza interesses nacionais e relações bilaterais, com possível afastamento do multilateralismo em favor de acordos “um a um”. Isso inclui foco em reindustrialização e acesso a recursos estratégicos para reduzir dependência externa.
Em contraste com a volatilidade dos mercados, a regulação de criptomoedas nos EUA está se tornando mais favorável ao setor. A SEC dispensou ou pausou quase 60% dos casos relacionados a cripto desde janeiro de 2025, desacelerando processos contra Ripple Labs, Binance e encerrando investigações sobre Aave, Uniswap Labs e Gemini.
Em 12 de dezembro, a SEC publicou um guia educativo sobre auto-custódia de Bitcoin e criptoativos, explicando conceitos como chaves privadas/públicas, carteiras quentes/frias e riscos de terceiros. A iniciativa promove segurança e liberdade individual para investidores.
Paul Atkins, presidente da SEC indicado por Trump, afirmou em 15 de dezembro que criptomoedas e blockchain podem se tornar “ferramentas poderosas de vigilância” financeira se mal usadas por governos, mas defendeu equilíbrio com privacidade. Essa postura marca uma transição pró-cripto na administração americana.
O Senado adiou a votação do CLARITY Act para 2026, priorizando a CFTC como regulador principal de cripto à vista e limitando a SEC a supervisão clara de títulos. Essas mudanças refletem uma transição pró-cripto nos EUA, embora um quadro regulatório finalizado ainda esteja em construção.
A volatilidade do Bitcoin, a pressão econômica global e a disputa por terras raras não são eventos isolados — fazem parte de um quadro geopolítico mais amplo que está redefinindo a ordem econômica mundial.
As criptomoedas, particularmente o Bitcoin, funcionam como um ativo de refúgio em períodos de incerteza econômica e tensão geopolítica. Quando os mercados tradicionais enfrentam pressão — como ocorre agora com juros altos, tarifas comerciais e indefinição sobre política monetária — investidores buscam alternativas descentralizadas.
Simultaneamente, a corrida por minerais críticos está redefinindo alianças geopolíticas. O Brasil, posicionado entre EUA e China, enfrenta pressão para escolher seus parceiros estratégicos. A tecnologia blockchain e as criptomoedas podem desempenhar papel importante nessa transição, oferecendo ferramentas de transação e liquidação que não dependem de intermediários tradicionais controlados por potências hegemônicas.
A regulação mais amigável às criptomoedas nos EUA também reflete essa mudança estratégica. Ao invés de reprimir o setor, a administração Trump busca integrá-lo à infraestrutura financeira americana, reconhecendo seu potencial como ferramenta de vigilância, liquidação e controle monetário.
Os próximos meses serão críticos para definir as trajetórias de Bitcoin, mercados emergentes e a geopolítica global. Analistas monitoram atentamente os níveis de suporte do Bitcoin em US$ 84 mil-85 mil, enquanto a economia brasileira enfrenta pressão de juros altos e indefinição sobre política fiscal.
A disputa por terras raras deve intensificar-se, com implicações diretas para a soberania tecnológica e militar das nações. O Brasil, como ator estratégico nessa disputa, precisará navegar cuidadosamente entre os interesses americanos e chineses.
Investidores e formuladores de políticas devem acompanhar de perto a evolução da regulação cripto, os movimentos de ETFs de Bitcoin, os dados de emprego dos EUA e as negociações geopolíticas por recursos estratégicos. Esses elementos, quando combinados, oferecem sinais importantes sobre a direção dos mercados financeiros globais nos próximos trimestres.



O mercado brasileiro de investimentos vem se sofisticando, seja pela democratização do acesso a diversos instrumentos, seja pela expansão de instituições e