No apagar das luzes de 2025, a fornecedora de equipamentos médicos Medline Industries deve realizar o maior IPO do ano, ampliando a proposta inicial ao discutir a possibilidade de uma oferta de US$ 7 bilhões.

Segundo o Financial Times (FT), a companhia, que desde 2021 tem como principais investidores Blackstone, Carlyle e Hellman & Friedman, originalmente planejava levantar cerca de US$ 5,4 bilhões, precificando as ações em US$ 30, o que já tornaria a operação a maior do ano.

De acordo com fontes ouvidas pelo jornal, a empresa avalia elevar o montante final para US$ 7 bilhões, mas nenhuma decisão foi tomada.

Independentemente do valor, o IPO caminha para superar a oferta de US$ 5,3 bilhões realizada pela fabricante chinesa de baterias Contemporary Amperex Technology, em maio.

A operação é acompanhada de perto em Wall Street, vista como um teste para a indústria de private equity, que nos últimos anos tem enfrentado dificuldades para vender ativos e devolver recursos a seus investidores.

O negócio é particularmente importante para os três investidores da Medline, dada a aposta feita. O grupo comprou participação majoritária na empresa por US$ 34 bilhões, operação que foi a maior aquisição alavancada desde a crise financeira.

Boa parte dos recursos servirá para reduzir a alavancagem da companhia, atualmente em 3,25 vezes. No acumulado de nove meses, a Medline registrou lucro líquido de US$ 977 milhões, alta de 7,2% em relação ao ano anterior. A receita subiu 10%, para US$ 20,6 bilhões.

Outro ponto observado será o interesse dos investidores em negócios afetados pelas tarifas de importação do presidente Donald Trump. Muitos produtos distribuídos pela Medline, como luvas e cadeiras de rodas, são fabricados em países impactados pelas novas políticas comerciais dos Estados Unidos, como Vietnã, China, Japão e México.

A Medline planejava abrir capital no início de 2025, mas recuou após o anúncio das tarifas, que provocaram intensa volatilidade nos mercados. A companhia entrou com pedido confidencial de IPO em dezembro do ano passado.

Apesar do mercado estar aberto para IPOs nos EUA, várias empresas que estrearam em 2025 enfrentam dificuldades. A Figma, empresa de software de design, levantou US$ 1,2 bilhão em julho, avaliada em quase US$ 60 bilhões, mas desde então suas ações caíram quase 70%.

A CoreWeave, empresa de data centers para inteligência artificial que abriu capital em março, perdeu US$ 33 bilhões em valor de mercado em seis semanas, sendo avaliada em US$ 36 bilhões, segundo cálculos do The Wall Street Journal (WSJ).

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